sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Fora de Mim na Visão





Excerto


«Paulo receou olhar
para a cama. Fechou
a cara nas mãos e
permaneceu estático. Espreitou
entre os dedos, na esperança
que aquela horrível e bela
visão desaparecesse. E voltou a
assustar-se ao ver o corpo que
ali continuava deitado. Ainda
tentou não ver, mas acabou
por se render aos seus olhos.
Por mais que deixasse cair as
pálpebras ela não saía dali. Não
dependia da sua vista. Já existia,
por si só, isolada, morta,
deitada nua na sua cama.
Desisto, aqui me tens.»






Na primeira Pessoa


Tentei explorar os limites do
amor, através de uma situação
extrema. Encontrei este limite
intransponível, que é a morte.
Contudo, tentei trespassá-lo,
fazendo com que uma alma
se apaixonasse por um corpo
e vice-versa, caindo talvez no
sobrenatural. Depois, quis dar
uma explicação lógica para
o sucedido, permitindo uma
leitura policial. É um livro com
duas verdades. A situação inicial
– uma mulher loira nua e morta
na cama – é muito cinematográfi
ca. O cinema e a música são,
aqui, infl uências tão preponderantes
como a própria literatura.
Dois fi lmes que me inspiraram
para este livro: Vertigo, de
Hitchcock; e Mullholland Drive,
de David Lynch.

Sem comentários: